São Paulo

Praia da Almada é top 10 em Ubatuba e ideal para ir em baixa temporada

Depois de percorrer bons quilômetros sobre o asfalto da Rio-Santos – rodovia litorânea que liga São Paulo ao Rio de Janeiro –, quebrei para à direita no km 13. A estrada era de terra. Considerei um bom sinal, talvez por achar que as melhores praias são as que estão distantes do asfalto. O caminho dava para a Praia da Almada, em Ubatuba.

Assim que o carro começou a chacoalhar por causa dos cascalhos da estreita estradinha, algumas placas começaram a aparecer. A mais inusitada (e cômica) foi a sinalização de que ali era proibido fumar maconha. Logo à frente, do alto de uma ribanceira, notei uma clareira, tratava-se do “Mirante da Chica”, um lugar que servia de plano de fundo para fotos esplêndidas. Nele é possível avistar as praias da Justa, do Ubatumirim e do Estaleiro. Estacionar para fotografar faz parte do passeio.

Mirante da Chica

Após quatro quilômetros de estradinha esburacada e de curvas sinuosas, o mar apareceu. As boas-vindas foram dadas por funcionários dos diversos estacionamentos da Praia da Almada. A disputa para conseguir um cliente acontece antes mesmo de atingir o nível no mar. “Você pode parar ali na frente por 20 reais, e o carro fica na sombra”, falou um deles na esperança de ganhar a concorrência. Mais adiante, um outro acenou e gritou: “Pode vir, aqui você estaciona e leva a chave”. Mas quem não aceita pagar, a única alternativa é chegar cedo e lutar por um espaço às margens da estradinha.

É fim de dezembro, o sol é de verão e a praia tá cheia. Encontrar um lugar na areia é uma tarefa de quem chega. Os bares tomam conta de toda a curta faixa de areia. Eles forram todo o espaço com suas próprias cadeiras, a maioria de madeira, pesada, sem chance de dar um “chega pra lá”. Não se enxerga guarda-sol que não seja dos próprios anfitriões. Sabendo disso, não há opção para quem deseja criar um ambiente particular e gratuito – só é possível encontrar uma brecha somente no período da tarde quando a praia começa a desafogar.

Praia da Almada – Ubatuba

A música ambiente também é crucial para agradar os clientes; cada quiosque compete para atrair a atenção dos turistas recém-chegados. Para não errar na escolha, a maioria toca MPB, gosto musical que agrada todo brasileiro.

Sem muita opção, o jeito foi escolher umas das alternativas de quiosques. Já à mesa, um cardápio aguardava ser lido. A mensagem foi clara: tem que consumir para ocupar o lugar. Caixas térmicas com bebidas eram “permitidas”. Comida? Nem pensar! A descoberta disso aconteceu na tentativa de preparar um lanche. “Aqui você não pode comer, meu patrão não deixa”, alertou um dos garçons. “Esse que tá feito você pode terminar, mas só esse”.

Já que a farofada não rolou, o jeito foi olhar o cardápio. A porção de fritas, a mais básica do menu, custava acima de R$ 35,00. As outras, não menos que R$ 65,00. A cerveja? O dobro do que se paga normalmente. A diferença de preço entre os quiosques é pouca. O jeito foi entrar na dança…

“Vem gente de todos os lugares, de Campinas, Grande São Paulo, Ribeirão Preto e vem também muito argentino”, afirmou Pablo, um simpático garçom que trabalha há anos num dos principais quiosques da Praia da Almada. “Aqui, o visitante pode ficar tranquilo, não acontece nada, é tudo muito seguro. Só tem a gente”, garantiu.

Descalço, de bermuda surfista azul e camiseta branca desgastada – e sem se importar com a areia quente – o garçom anda de um lado para outro sempre atento aos detalhes e movimentos. Confere se a cerveja tá cheia, se a porção tá boa e se o cliente está satisfeito. Ele guarda os pedidos de cabeça, sem precisar anotar em papel algum. “Agora é correria até o fim de janeiro, não vai ter um final de semana tranquilo, graças a Deus”, comemorou.

Distante 38,5km do centro de Ubatuba e 41,5km de Paraty, a Praia da Almada está entre as dez melhores praias de Ubatuba – segundo diversos sites de turismo. E não dá para duvidar, uma vez que o lugar chama a atenção pela paisagem singular: possui um mar sem ondas, cuja calmaria valoriza o esverdeado da água salgada, sendo também cercado por pequenas montanhas de floresta tropical. Um cenário que propicia diversas atividades, como stand up paddle, canoagem e mergulho.

 

Diversas lanchas chegam de mansinho para trazer turistas para passar o dia na Praia da Almada. Os motores são desligados ainda na parte da manhã e ficam ancorados até próximo do pôr do sol. Eles fazem parte da paisagem e denunciam que a praia é cobiçada, uma vez que atrai pessoas que podem escolher entre as mais de 100 praias existentes da região de Ubatuba. 

“Fora de temporada a praia é sua, ficam no máximo duas ou três mesas armadas, mas sempre que dá sol, tem gente”, afirmou Pablo. “Nessa época a gente tem que garantir o resto do ano, é assim na maioria das praias aqui de Ubatuba. É assim na Almada”, sentenciou.

 

Sobre a Praia da Almada

Para dormir tranquilo

É melhor ficar na Praia da Almada ou no centro de Ubatuba? Tanto faz! Optei pelo centro, uma vez que é um tiro rápido ir até à praia. Porém, aconselho a hospedagem na própria Almada para quem gosta de beber. O motivo é que na Rio – Santos sempre tem blitz. Vale a pena evitar acidentes e multas. 

Além disso, para quem preferir o sossego e a brisa à beira-mar, a Praia da Almada é a melhor pedida. 

 

Casa da Almada
A Casa da Almada é para somente 07 pessoas. Uma hospedagem que possui cozinha, ducha, churrasqueira, ar condicionado e estacionamento. O local está localizado a 500m da praia. pesquisar_preços
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Como chegar na Praia da Almada

Para chegar à Praia da Almada é preciso entrar numa estradinha de terra que está no Km 13 da Rio-Santos (Sentido Paraty-RJ). Depois disso, são apenas 4km em chão de terra. Para quem vai de ônibus, existe transporte público que sai diretamente do centro de Ubatuba (e do principal terminal da cidade).

 

A melhor época

A Praia da Almada recebe turistas o ano todo, mas aconselho o viajante ir em fora de temporada. O motivo? Preços menos abusivos e tranquilidade garantida. 

 

 

Código de ética do blog: o jornalista Rafael Kosoniscs viajou à Praia da Almada por sua conta e pagou todas as suas despesas. As hospedagens indicadas no post são comissionadas pelo Booking, mas o leitor não pagará nada a mais pela reserva. 

Rafael Kosoniscs

Sou jornalista e publicitário, tenho 36 anos e viajo de mochila nas costas há 12 invernos. Tenho a mochilagem e o montanhismo como paixões. Vou publicar meu primeiro livro este ano – e você já está convidado(a) para o lançamento. Fique de olhos nas redes para não perder, ok? Siga: @seumochilao | @rafaelkosoniscs

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