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Monte Roraima vive ‘calma tensa’ com a crise na Venezuela

Monte Roraima vive "calma tensa"

SEM PREVISÃO DE ABERTURA, UMA DAS MONTANHAS MAIS COBIÇADAS DO PAÍS É VÍTIMA DO FECHAMENTO DA FRONTEIRA ENTRE BRASIL E VENEZUELA

De longe, a paisagem é imponente. O enorme platô instiga a imaginação de quem contempla o lendário cenário do Monte Roraima, cuja montanha ganhou prestígio na última década, tornando-se um dos principais destinos de trekking da América do Sul.

Atraídos pelos desafios da região da tríplice fronteira de Brasil, Venezuela e Guiana, aventureiros do mundo todo desembarcam diariamente na capital Boa Vista com o objetivo de atingir o cume da montanha mais procurada do Norte do Brasil, que já serviu de inspiração para filmes, novelas e obras de ficção literária.

Há poucos meses, homens, mulheres e crianças cruzavam a divisa livremente, passando de Pacaraima, no Brasil, para Santa Elena de Uairén, na Venezuela sem dificuldades e, muitas vezes, sem qualquer interrupção. A situação mudou há 15 dias por determinação do presidente Nicolás Maduro. A fronteira está fechada. Somente passa de um país para outro quem se arrisca em rotas clandestinas.

Magno Souza, proprietário da Roraima Adventures, a maior agência de turismo de Boa Vista e que atua há mais de 20 anos na região, informa que o ambiente na capital de Roraima vive dias estranhos. “Por aqui tá tudo parado, fronteira fechada, mas o ambiente está numa ‘calma tensa’, diz ele, que anseia pela liberação. “Aqui do lado brasileiro tá tudo bem, mas do lado venezuelano as coisas estão bem ruins, pois estão sem comida, sem remédios, sem trabalho. Por isso, a reabertura é primordial, principalmente para eles”, garante.

Para piorar a situação do turismo em Boa Vista, a energia que chegava a Roraima através da hidrelétrica de Guri, na Venezuela, foi interrompida. Para manter o abastecimento, o Estado tem utilizado geradores e fontes de energia alternativas.

Cecília Maria Mosler, advogada e moradora de Boa Vista, acompanha de perto a situação. “Todos aqui estão nessa situação agora, porque a gente recebia energia da Venezuela, mas agora com o fechamento na fronteira, desligaram”, informa a moradora que já dizia prever o momento atual. “Dentro da Venezuela mesmo já havia cidades sem luz e sem água há meses, uma hora ia chegar no Brasil”.

Enquanto não há medida de liberação para subir o Monte Roraima, Boa Vista oferece outros destinos para aventureiros, como a Serra do Tepequém, Serra Grande e outras atrações naturais que cercam a capital roraimense.

Ainda de acordo com Magno Souza, a previsão é que a situação se normalize nos próximos dias. “No final de semana haverá manifestações em toda a Venezuela. A minha expectativa é que tudo volte à normalidade ainda neste mês de março.”

Rafael Kosoniscs

Sou jornalista e publicitário, tenho 36 anos e viajo de mochila nas costas há 12 invernos. Tenho a mochilagem e o montanhismo como paixões. Vou publicar meu primeiro livro este ano – e você já está convidado(a) para o lançamento. Fique de olhos nas redes para não perder, ok? Siga: @seumochilao | @rafaelkosoniscs

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