Tiwanaku: as ruínas de um fascinante império

Com o tempo a gente percebe que não há coincidências e que nada acontece por acaso. Um dia liguei a TV no History Channel e logo me peguei devorando o documentário sobre Tiwanaku – também se escreve Tiahuanaco. Foi paixão à primeira vista. Sabe quando o lugar mexe com a gente? Pois é, Tiwanaku mexeu comigo. O motivo é porque sempre fui muito ligado em civilizações antigas, além de ser um completo amante de ufologia, aí acabou juntando três paixões: viagem, ruínas e misticismo. Receita perfeita para me fazer colocar a mochila nas costas.

O documentário me fez pensar em Tiwanaku por muito tempo, tive até uma fixação mental pelo destino, me fazendo pesquisar mais sobre o lugar. Quando digo que nada acontece por acaso é que, nesse período de encantamento com Tiwanaku, achei o livro “Cidades Perdidas e Antigos Mistérios da América do Sul” (1987) xeretando despretensiosamente em um sebo. Fala-se bastante de Tiwanaku nesta obra, e não considerei casualidade encontrá-la em um momento tão oportuno. Para quem tiver interesse em ler este livro, só vai achá-lo na Estante Virtual, já que ele é bem antigo, tendo sido escrito por David Hatcher Childress, arqueólogo americano. Ler esta obra ferrou com minha vida e aguçou ainda mais minha curiosidade: fez eu ter uma relação ainda mais íntima com Tiwanaku, mesmo sem ter pisado no local. Ah, o livro “Eram os Deuses Astronautas?”, do Erich von Däniken, também dá uma visão maluca de Tiwanaku. Vale a pena ler!

E o que era uma paquera se transformou em paixão, e logo fui à Bolívia conhecer as ruínas desta civilização antiga, que na minha opinião é a mais incrível e misteriosa da América do Sul. Que me perdoem os Incas.

Tiwanaku: para quem gosta de história, cultura e mistério

Está aí um lugar que não sei exatamente como escrever (e descrever), pelo menos sem parecer um louco aficionado por estas ruínas. Mas digo de cara que Tiwanaku é destino certo para quem aprecia história e mistérios antigos. Não é, definitivamente, um passeio badalado. Admiradores de culturas antigas se sentirão extasiados em Tiwanaku, assim como eu fiquei.

Além de incrível, Tiwanaku é uma das joias da América do Sul. É um sítio arqueológico pré-colombiano, ou seja, um período anterior da chegada dos espanhóis e portugueses à América do Sul. Há muitos mistérios e teorias sobre o lugar, o que faz de Tiwanaku uma das civilizações mais importantes e intrigantes do mundo. Segundo estudos, a civilização de Tiwanaku teve seu auge entre 500 e 900 d.C., mas há indícios que sua origem foi por volta de 400 a.C. Ainda há outros vestígios que apontam que Tiwanaku tenha sido formada por volta de 1500 a.C. Uns consideram Tiwanaku tão incrível e misteriosa quanto as Pirâmides do Egito. Comparações à parte, cabe dizer que essa civilização era incrível, riquíssima em conhecimento, mesmo desconhecendo a linguagem escrita (conforme apontam os estudos realizados).

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Tiwanaku está a 3.800 metros acima do nível do mar, próximo ao lago Titicaca, no altiplano boliviano. É considerada patrimônio da humanidade pela Unesco, sendo administrada pelo governo boliviano. O lugar, que ainda passa por processo de escavação, encontra-se em bom estado de conservação, mesmo tendo sido saqueado e sofrido nas mãos dos espanhóis na época da colonização.

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E qual a polêmica de Tiwanaku / Tiahuanaco?

A única unanimidade que existe entre os estudiosos é que Tiwanaku antecedeu à civilização Inca. O resto é puro mistério e especulação. Há tanto enigma no lugar que faz qualquer admirador de história ficar com o queixo caído. O questionamento já começa pela localização, porque o local é totalmente fora de propósito, já que a região é tão árida, sem vida, que não faz sentido uma megacidade ter sido construída naquele espaço. Outros reforçam que Tiwanaku foi erguida à margem do oceano (quando havia oceano por lá) e que a cidade é muito mais antiga do que podemos imaginar. Para se ter ideia, uns falam que essa civilização fez parte do antigo continente, e não digo da Europa, mas sim da Atlântida. Deu para ter ideia de onde essa conversa pode parar? Deu para perceber também que é uma judiação conhecer Tiwanaku sem saber dessas teorias? O assunto é complexo, intrigante e merece ser discutido de mente aberta.

As atrações da megacidade de Tiwanaku / Tiahuanaco

Há diversas atrações em Tiwanaki / Tiahuanaco, por isso é importante ir com tempo e com vontade de andar. O lugar merece a atenção devida, não apenas um passeio rápido.

Templo de Kalasasaya

É o mais antigo templo de Tiwanaku. É uma área enorme com tamanho aproximado de um estádio de futebol. Segundo pesquisas, esse local era uma espécie de observatório celestial e um dos seus objetivos era estabelecer, com precisão matemática, as estações do ano. O lugar é interessante. O termo Kalasasaya significa “Lugar das Pedras de Pé” ou “Templo das Pedras Paradas”. O mais incrível, além de todo esse conhecimento que eles possuíam, é que o Templo de Kalasasaya foi construído por volta de 15.000 a.C. O lugar carrega muito mais mistério, além de diversas outras teorias.

Porta do Sol

É o monumento mais famoso de Tiwanaku e está bem no centro da cidade histórica. Embora não pareça, é uma peça única e pesa aproximadamente 12 toneladas, sendo formada pela rocha andesita. Ela está rachada na parte superior e dizem que foi por consequência de algum forte terremoto. Suspeitam também que nos buracos laterais possuíam preenchimento em ouro, mas que teriam sido roubadas pelos espanhóis no período da colonização.

Mais curioso ainda, são os desenhos esculpidos na parte superior, formando possivelmente um calendário. No centro, uma figura segurando um cajado de cada lado, que parece estar chorando. É conhecido como “O Deus Que Chora”.

Esse portal é um grande ícone para o Bolivianos e representa muito para eles. Tanto é que há muitos artistas renomados do país utilizaram (e ainda utilizam) o portal como objeto de inspiração para a criação de suas obras. Se o viajante tiver sorte, poderá encontrar alguma com essa temática no Museu de Arte Contemporânea de La Paz, que se localiza na Av. 16 de Julio, 1698.

Porta da Lua

É menos cobiçado que a Porta do Sol, mas é tão intrigante quanto ela. A Porta da Lua é também um monólito, possui seus 2,23 metros de atura. O monumento possui animais esculpidos, como pumas com cabeça de peixes e alguns outros mistérios.

Monólitos: Ponce, Fraile e Bennett

O Monólito Ponce ou Estrela 8, está dentro do Templo de Kalasasaya, possui 3,40 metros de altura e é uma escultura de um único bloco. O monumento chama a atenção não somente pelo tamanho, mas também pelos detalhes. Há muitos desenhos esculpidos, diversos ícones e símbolos. E claro, há muitos significados em cada detalhe.  É impossível admirar esse monólito sem imaginar mil coisas, sem pensar em como foi esculpido, como e quem o fez. É mesmo muito incrível.

E o Monólito Fraile é outro grande monólito de Tiwanaku, foi construído em arenito, diferente dos outros monumentos. Presume-se que representa um sacerdote ou uma grande personalidade. O maior mistério são seus ornamentos, que mostra uma série de caranguejos esculpidos em seu cinto. O monumento também é chamado de “Deus da Água”. Vale lembrar que Tiwanaku está a 3.800 de altitude, extremamente distante do mar, e no lago Titicaca não há crustáceos. Fica aí o mistério.

Já o Monólito Bennett é o mais imponente de todos os monumentos, pelo menos na minha opinião. Ele também é conhecido como Monumento Pachamama. É o maior de todos, possui 7,30 metros e 18,5 toneladas. Foi descoberto em 1932 durante uma escavação no Templo Subterrâneo, já rodou vários lugares da Bolívia, mas em 2002 voltou para Tiwanaku e ganhou um lugar especial na megacidade histórica.

Templo Semi-Subterrâneo | Templo Submerso

É um espaço que está a 2 metros abaixo do nível do solo. Foi descoberto somente em 1903 e possui muitas curiosidades. O que mais chama a atenção são as 175 cabeças, todas encravadas nas paredes. Parece até uma cena dos filmes de Indiana Jones. As faces são diferentes umas das outras, dividindo teorias sobre o motivo de tanta diferenciação, já que elas deveriam ser parecidas. O assunto gera polêmica e muitas teorias. Fora isso, essa área tem muitas curiosidades, como um sistema perfeito de drenagem desenvolvido através de canais de pedra com um declive perfeito de 2 graus que funcionam até hoje.

Amplificador de Som

Não é um monumento. Não é uma escultura. Não é um monólito. Mas, mesmo assim, merece destaque. O ampliador de Som está localizado no Templo de Kalasasaya, é formado por dois blocos e forma uma concha. Como o próprio nome diz, é um ampliador extraordinário de som que deveria ser usado para reuniões públicas. É incrível.

O viajante, se quiser, poderá soltar uns berros. Eu não resisti.

Pirâmide Akapana

Essa pirâmide está bastante deteriorada, passou por um processo de restauração, mas teve sua reconstrução interrompida pela Unesco. Não sei como está atualmente. Mas independente do atual estado de conservação, o local deveria ser um gigantesco tempo. A pirâmide possui 7 plataformas e tem uma altura aproximada de 18 metros. Estima-se que o local era um lugar de adoração, já que existia uma cruz andina na parte superior da pirâmide. A verdade é que os espanhóis arrebentaram com o monumento, tudo pela procura de ouro. Uma pena.

Atualmente, Tiwanaku passa por um lento processo de restauração, pesquisadores e arqueólogos continuam o trabalho de descobertas.

Como chegar a Tiwanaku | Tiahuanaco

Chegar a Tiwanaku não é tarefa complicada, o local está a 72 Km de La Paz e a viagem dura aproximadamente 1h.

Por conta própria

A partir do cemitério central de La Paz.  Bs 32 (+/- R$ 8,00) ida e volta. (Van/Micro-ônibus)

Valor: A entrada de Tiwanaku (tiahuanaco) custa Bs 80 (+/-R$ 20,00)

Guia local (opcional) Bs 40 (+/- R$ 10,00).

Obs: Não é necessário fechar o passeio com antecedência.

Por agência

Você pode encontrar agências em La Paz ou até mesmo através de seu hostel/hotel. O passeio não é caro e fechar um pacotão pode ser uma boa ideia, que incluirá transporte, entrada e guia especializado.

Não quis parecer exagerado com este post, mas conhecer Tiwanaku significou muito para mim. E sempre que me recordo desta experiência: fico embalado pela felicidade que o lugar me causou. Ainda procuro entender a razão de sentir tudo isso. Espero que Tiwanaku cause as mesmas sensações em você, amigo viajante.