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Saco do Mamanguá: um refúgio entre montanhas

O Saco do Mamanguá é lugar é raro (não leia caro). Está em Paraty, entre São Paulo e Rio de Janeiro, em um braço que avança 8 km mata adentro até se encontrar com o mar. O ambiente é a mais pura Mata Atlântica, com depressões que fazem qualquer trilheiro colocar a língua para fora. Mas o esforço vale a pena.

O lugar é privilegiado, está cercado por montanhas e por leis ambientais, além disso, o Saco do Mamanguá faz parte da Reserva Ecológica da Joatinga e também da Área de Proteção Ambiental do Cairuçu. O local não é muito frequentado devido o difícil acesso, sendo explorado basicamente por trilheiros e amantes da natureza, que buscam fazer o famoso trekking “Volta do Saco do Mamanguá” ou a tradicional “Travessia da Joatinga”.

Saco do Mamanguá

Nessa viagem, optei pela Volta do Saco do Mamanguá, já que para fazer a Travessia da Joatinga seriam necessários mais dias. Fiz essa trip com Gisely Bohrer, do blog A Montanhista, Otniel do Trip Sem Grana e com Lino, um geógrafo amigo.

Saco do Mamanguá

O Saco do Mamanguá é um conjunto de praias paradisíacas (clichêzão necessário), tendo acesso por trilha ou barco. Nem todas as praias são habitadas, mas nas maiores se encontram vilas formadas de pescadores e artesãos. A Praia do Cruzeiro é uma das mais famosas e estratégicas para permanecer. O motivo? O lugar está bem no meio do Saco do Mamanguá. Além disso, a pequena vila possui restaurante e camping. É também através do Cruzeiro que se chega ao Morro do Pão de Açúcar — um dos mais famosos picos da região.

Saco do Mamanguá

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O Saco do Mamanguá é uma típica área de proteção ambiental, com pouca infraestrutura, onde a maioria das vilas não possui energia elétrica. Ou seja, amigo viajante, é um lugar perfeito para se esquecer do mundo.

Saco do Mamanguá
Saco do Mamanguá

O Saco do Mamanguá é um Fiorde Tropical, que nada mais é que uma grande entrada do mar e cercada por altas montanhas rochosas. Os fiordes, que possuem origem na erosão das montanhas devido ao gelo, estão presentes, em sua maioria, na costa oeste da península escandinava. No Brasil, esse local é único. É possível observar essa geográfica peculiar através do pico do Morro do Pão de Açúcar, com acesso pela Praia do Cruzeiro.

Quantos dias para conhecer o Saco do Mamanguá?

O tempo mínimo para conhecer o Saco do Mamanguá é disponibilizar um final de semana, iniciando o trekking no sábado cedo e retornando domingo à tarde.

Saco do Mamanguá

Por trilha ou por barco?

O legal dessa trip é se envolver com a natureza, conhecer as vilas dos pescadores, sentir o gostinho de completar uma travessia. O Acesso se faz por Paraty-Mirim. Mas dá pra ir de barco também, sendo perfeito para levar crianças e pessoas preguiçosas. 

Saco do Mamanguá

Por trilha

O acesso à trilha se faz no vilarejo de Paraty-Mirim. O trekking é gostoso de fazer, mas é bastante puxado, porque logo de cara há uma subida bastante íngreme que exige muito esforço físico. Essa subida inicial, dependendo do ritmo e do calor, pode demorar até uma hora para ser concluída. Após esse trecho inicial, a trilha fica mais prazerosa, com poucas subidas e descidas.

Saco do Mamanguá

O objetivo do trekking é ir até a Praia do Currupira — cruzando diversas outras praias. Todo o trajeto leva cerca de 5 a 8 horas (depende da condição física e do ritmo do grupo). Em Currupira, se faz necessário tomar um barco até a Praia do Cruzeiro, já que depois desse trecho o acesso se torna bastante complicado, sendo formado por mangue. Ou seja, impossível de passar. O valor do barco depende da época, mas é de aproximadamente R$ 80,00 / R$ 100,00, podendo ser dividido entre 4 e 5 pessoas. O tempo de Currupira até a Praia do Cruzeiro é de aproximadamente 20 minutos.

Saco do Mamanguá

Por barco

É necessário ir até Paraty-Mirim e lá negociar um passeio pelas praias. O valor do barco depende da época, mas é de aproximadamente R$ 80,00 / R$ 100,00, indo até a Praia do Cruzeiro – podendo ser dividido entre 4 e 5 pessoas.

A Praia do Cruzeiro dispensa comentários. Ela é isolada, possui um cenário diferente, tendo montanhas à frente. É um local que o mar não se perde de vista. É bem bonito. A praia é vigiada e administrada pelo Sr. Orlando, um dos mais antigos pescadores da região. Uma boa dica é ouvir suas histórias e também apreciar o almoço que é vendido na vila. Há pratos entre R$ 15,00 e R$ 25,00. O camping tem o custo diário de R$ 25,00 por pessoa. O local é gramadinho, com vista privilegiada para o mar. Há dois banheiros com chuveiros frios.

Saco do Mamanguá

Reserva Ecológica Estadual da Juatinga

Tradicionalmente chamada de Juatinga, a área da Reserva possui aproximadamente 8 mil hectares – isso equivale a 8 mil campos de futebol – e abriga doze núcleos de ocupação de populações tradicionais (vilas caiçaras), que se espalham ao longo da Juatinga. Essas comunidades vivem da pesca artesanal, agricultura e um pouco do turismo (atividade recente). A fauna e flora também são as grandes atrações da região – juntamente com as praias –, a vegetação é composta da Mata Atlântica e possui aproximadamente 10 mil espécies de plantas, destacando-se, também, a mata higrófila, a mata de restinga e manguezal.

Paraty é a cidade mais próxima, sendo ponto base de apoio para as comunidades. O acesso é limitado a barcos ou trilhas. E o monitoramento da Reserva da Juatinga é feito pelo Inea, que atualmente está com um projeto de reordenamento turístico na área (principalmente capacidade de carga de pessoas), visando assegurar a sustentabilidade ambiental, a qualidade da experiência dos visitantes e a manutenção da qualidade de vida da população local. 

Saco do Mamanguá

O que fazer na Praia do Cruzeiro?

Além de apreciar o lugar e curtir uma praia, é possível fazer um ataque até o cume do Pão de Açúcar do Mamanguá — aproximadamente 2 horas de caminhada. Além disso, é possível continuar o trekking para outras praias e realizar a Travessia da Joatinga, mas para isso terá que disponibilizar mais dias.

Como chegar a Paraty-Mirim

De São Paulo: A entrada de Paraty Mirim fica logo após o km 584 da estrada BR 101 (Rio-Santos), a saída fica à direita, onde inicia uma estrada de terra de 7 km até a praia.

Do Rio de Janeiro: O trevo de entrada para Paraty Mirim se localiza a 10 km após a entrada/rotatória da cidade de Paraty (sentido Rio – Ubatuba) na estrada BR 101 (Rio-Santos), a saída fica à esquerda, onde começa uma estrada de terra de 7 km até a praia.

De busão: Para quem chega de ônibus em Paraty: deve pegar o ônibus na rodoviária de Paraty com destino a PARATY MIRIM – o percurso tem o tempo de aproximadamente 40 minutos.

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O que levar para o Saco do Mamanguá

O local não possui nenhuma infraestrutura, portanto, tudo deverá ser levado de casa, não deixando nada para ser comprado no local, porque simplesmente não existe nada.

Repelente / Óculos de Sol / Bota para trilha / Máquina Fotográfica / Dinheiro em espécie / Kit primeiros socorros / Barraca / Lona (opcional) / Bastão de Caminhada (opcional) / Mochila Cargueira / GPS (opcional) / Roupa de trilha / Isotônico (opcional) / Clorin.

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A melhor época

Verão: Probabilidade alta de chuva, temperatura entre 25°C e 38°C. Nessa época o trekking é bastante desgastante.

Alta temporada: Entre o Natal e o Carnaval, os preços dos campings sofrem ligeiro aumento, além também do custo da alimentação, que são vendidas em algumas praias.

Inverno: Menos probabilidade de chuva, temperatura entre 12°C e 27°C.

Tracklog no Wikiloc (Arquivo da A Montanhista):

Volta do Saco do Mamanguá + Pico do Pão de Açucar

Custos para ir ao Saco do Mamanguá

Ida
São Paulo (Rodoviária Tietê) x Paraty: R$ 54,03 – Viação Reunidas
Paraty x Paraty Mirim: R$ 3,20 – Circular (Terminal de Paraty)
Barco: Praia Currupira x Praia do Cruzeiro R$ 80,00 / R$ 100,00 (traslado para 4 ou 5 pessoas)

Volta
Paraty Mirim x Paraty – R$ 3,20 – circular
Paraty x São Paulo (Rodoviária Tietê) – R$ 53,02 – Viação Reunidas
Lancha Cruzeiro x Paraty Mirim – R$ 100,00 – (traslado para 4 ou 5 pessoas)

Camping

Camping na Praia do Cruzeiro (Sr. Orlando) – R$ 25,00 por pessoa/dia – (24) 99916.3532

Atenção: O tempo passa, os preços mudam, telefones são trocados.

Rafael Kosoniscs

Sou jornalista e publicitário, tenho 36 anos e viajo de mochila nas costas há 12 invernos. Tenho a mochilagem e o montanhismo como paixões. Vou publicar meu primeiro livro este ano – e você já está convidado(a) para o lançamento. Fique de olhos nas redes para não perder, ok? Siga: @seumochilao | @rafaelkosoniscs

22 Comentários

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  • Muito fera essa travessia!

    você já fez a subida do pico do Corcovado em Ubatuba? Caso ainda não tenha feito, vale muito a pena kra.
    São umas 6h pra subir num dia, camping selvagem lá em cima (1120m de altitude), e mais 6h pra descer no dia seguinte… a vista lá de cima é espetacular!
    Pra fazer essa trip [legalmente] tem que estar acompanhado com um guia, pq só assim pra conseguir a autorização do parque estadual da Serra do Mar (Núcleo Picinguaba) pra poder pernoitar no pico.

    Muito bom seu blog, abraço!

    • Olá, Vini. Beleza?! Então, tô querendo ir no Corcovado já tem um tempo. Recentemente fiz a Travessia do Saco das Bananas e curti bastante, mas estava querendo mesmo é subir esse Pico. Não sabia que era proibido, valeu a dica! Um abraço!!

      • então kra, acho que não é ilegal se você quiser subir e descer no mesmo dia, mas pra dormir lá precisa sim do acompanhamento de um guia (claro que sempre tem uns moradores de Ubatuba que sobem sem autorização, mas se um Guia chegar lá com uma excursão montada, e não tiver lugar pra galera dele montar as barracas, eles correm o risco do guia ligar pros guardas do núcleo virem tirá-los)
        …maaas subir e descer no mesmo dia tem duas desvantagens: 1. fica muito cansativo e 2. vc perde o pôr e o nascer do sol! ahauhaha
        eu vou fazer essa subida dia 25/26 de abril, com um guia que é muito gente boa, se tiver interesse da um toque, abraço!

      • Ah legal, mas o negócio é como você disse, ir pra dormir e admirar o pôr e o nascer do sol. Fazer bate-volta não é tão legal. Obrigado pelo convite, estarei off nesse final de semana, mas nos encontramos por aí. Um abraço, man! Valeu pelas informações!!!!

  • Adorei a matéria e estou feliz de conhecer esse lugar maravilhoso em breve com vcs! 🙂

  • Oi Rafael, é necessário reservar o camping ou vc acredita que chegando lá e tranquilo encontrar vagas?
    Pretendo ir uma semana depois do carnaval.
    Abraços

  • Olá! Adorei o post! Estou indo para Paraty na próxima semana. Quero conhecer o Saco do Mamanguá. Vi que para ir de barco devo sair de Paraty Mirim, certo? Lá é fácil encontrar barqueiros que fazem esse passeio? Será que cobram muito caro? Vc indica alguma praia específica para irmos no Saco do Mamanguá? Obrigada!

  • Oi Rafael, estou com muita vontade de conhecer o Saco do Mamanguá. Você acha que da pra ir cedinho e voltar no fim de tarde? Fazendo apenas a trilha do Pão de Açúcar?

    Obrigada

  • Olá Rafael,
    Primeiramente, adorei a sua matéria! Eu e mais duas amigas estamos indo para o Saco do Mamangua para época de Réveillon. Sabe se nesse período chove muito ou nem tanto? Ouviu falar de como são as festas de final de ano para lá?
    Obrigada!

    • Olá, Sofia. Tudo bem? É uma época de chuva, sim. Na verdade é o período mais chuvoso do ano. Sobre a festa de ano novo, acredito que não tenha nada de especial, lá é bem tranquilo mesmo. Um abraço.

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